Autor: João Ferreira
Já não é mais novidade para os eleitores brasileiros a implantação da biometricidade nas eleições brasileiras. Há alguns anos, o Tribunal Superior Eleitoral vem realizando testes com urnas biométricas em certas localidades do território nacional. Sergipe foi contemplado com esse novo processo para a eleição do ano que vem. A intenção, segundo o TSE, é diminuir, ou talvez, acabar com as contínuas fraudes que ocorrem todos os anos em âmbito nacional, estadual e municipal. Dentre elas está a compra de títulos eleitorais.
Como nossos títulos eleitorais não possuem foto, qualquer eleitor, de igual sexo ao do votante, poderá votar em seu lugar. Digo isso, porque os mesários quase nunca solicitam a cédula de identidade do votante, estando este, munido apenas do documento oficial de votação. Essa fraude acaba mudando o resultado das eleições, uma vez que se diminui um voto para certo candidato e se acrescenta mais um para outro. Em cidades pequenas como a minha, essa prática quase soa como comum. É o próprio Tribunal Superior Eleitoral quem acaba ratificando a referida fraude quando determina legalmente que o cidadão pode votar munido de quaisquer documentos que o identifique.
Os eleitores mais conscientes se ressentem dessa prática e agem com denúncias aos órgãos responsáveis por esse tipo de corrupção. Alguns recorrem ao Ministério Público. Mas, este, por sua vez, não tem como controlar, pois é o próprio eleitor quem “troca”, por alguns itens alimentícios ou alguns reais, seu direito de escolher o governante que deseja. Não se apercebe que, com essa ação, está sendo responsável pela manutenção de suas míseras condições de vida e que a compra é resultado de uma política que não o engloba, que não está preocupada com as condições sociais dos menos favorecidos.
Com a eleição biométrica, acredito que isso possa diminuir. O título eleitoral, de agora em diante, não será mais a bola da vez. As propostas, o comportamento e o compromisso com o social entre outros fatores, vão determinar a escolha. Acredito não mais encontrar candidato afirmando o exato número de votos que terá e quantos serão eleitos pela sua coligação. A não ser que as pessoas estejam dispostas a vender os dedos polegares (e os demais). Só dessa maneira teremos a continuidade de uma espécie de corrupção que mancha a imagem do Brasil. Talvez , quem sabe, inventem dedos clonados ou postiços. Independente do que ocorrerá, acho extremamente conveniente resguardar nossos polegares dos políticos alheios, pelo menos até outubro de 2012.
